A contabilidade é uma grande preocupação de qualquer empresa. Afinal, uma má gestão do fluxo de caixa e um planejamento tributário malfeito podem trazer sérios prejuízos e até mesmo arruinar um negócio. Por isso, preparamos este guia de contabilidade para revenda de gás.
Neste artigo, você vai entender os conceitos básicos de contabilidade, conhecer a estrutura contábil de uma revenda de gás e suas obrigações fiscais, entre outras informações úteis. Acompanhe!
Conceitos básicos de contabilidade
Contabilidade é a ciência que estuda e interpreta os dados financeiros. Ela é responsável por registrar, analisar, interpretar, administrar e mensurar as informações financeiras de uma empresa, e é extremamente importante, pois ajuda a cuidar do patrimônio da organização, a manter a saúde financeira em dia e a promover seu crescimento.
A contabilidade é essencial para o sucesso de empresas de qualquer setor ou porte, uma vez que ajuda a companhia a ficar em conformidade com a lei e com suas obrigações fiscais e permite ao gestor tomar decisões mais bem fundamentadas, bem como a criar planejamentos e orçamentos mais realistas.
Com as revendas de gás, não é diferente. É preciso ter um contador qualificado e com experiência desde o momento da abertura da empresa, já que esse profissional ajudará a tomar decisões que vão impactar diretamente os rumos do negócio.
Entre as vantagens de contar com os serviços de um profissional especializado desde o início estão a consultoria estratégica que ele oferece aos empreendedores, a realização de um planejamento tributário eficiente para reduzir os gastos com impostos e o conhecimento profundo da legislação tributária que esses profissionais têm.
Existem alguns conceitos básicos de contabilidade que as pequenas e médias empresas não podem perder de vista, como:
- Ativos: são os recursos que a empresa possui e que têm valor monetário futuro, como dinheiro, produtos em estoque, contas a receber, equipamentos, imóveis, entre outros.
- Passivos: são as dívidas ou obrigações financeiras, como contas a pagar, salários de funcionários, empréstimos bancários, financiamentos etc.
- Patrimônio líquido: é a diferença entre os ativos e os passivos da empresa, ou seja, seus bens, direitos e recursos após a dedução de suas obrigações financeiras.
- Receitas: são os recursos obtidos pela empresa a partir de suas atividades comerciais, como vendas, juros, dividendos, entre outras.
- Despesas: são os custos necessários para gerar receitas, como as matérias-primas, os salários dos colaboradores, as faturas de consumo da loja, os custos com marketing e publicidade etc.
Por exemplo, uma peculiaridade é que as revendas de gás têm isenção previdenciária, portanto, não têm custos atrelados ao INSS. Porém, as empresas precisam pagar 8% do salário de cada colaborador para o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
No caso das revendas de gás, a contabilidade envolve aspectos importantes, como o regime tributário adotado – que impacta diretamente a carga tributária da empresa.
A contabilidade das revendas tem especificidades que devem ser levadas em consideração. Além disso, há benefícios fiscais específicos para o setor de comercialização de gás de cozinha que precisam ser aproveitados. Daí a importância de contratar um contador para auxiliar.
Leia também: Normas da ANP para Revenda de Gás
Estrutura contábil de uma revenda de gás
A estrutura de uma revenda de gás é relativamente simples. Em geral, o tipo de produto vendido é apenas um – o gás de cozinha, armazenado em botijões ou cilindros. O negócio conta ainda com os fornecedores (ou seja, a distribuidora de gás escolhida) e os clientes que compram os botijões.
As receitas advêm da venda dos vasilhames para o consumidor final. Enquanto as despesas estão relacionadas ao pagamento dos salários e benefícios, à compra dos botijões para revender, ao pagamento de água, luz e telefone e ao investimento na divulgação do negócio, bem como outros custos operacionais.
Saiba mais sobre a contabilidade de revendas de gás:
Registro de estoques e compras
O modelo de negócio de uma revenda de gás é bem específico: primeiro o revendedor adquire os botijões de gás para revender diretamente com a distribuidora e, posteriormente, os comercializa.
Ao vender um novo botijão de gás de cozinha para um cliente, o revendedor recolhe o vasilhame vazio, que deverá ser armazenado separadamente dos cheios na loja e, depois, será entregue à distribuidora na hora de repor o estoque.
Todas essas operações precisam ser devidamente registradas e é preciso ter controle tanto da quantidade de botijões cheios quanto dos vazios. Afinal, é preciso agendar a reposição junto à distribuidora com antecedência, e uma boa gestão de estoque ajuda a planejar melhor os próximos pedidos.
Há vários métodos para controlar o estoque, como a boa e velha planilha de Excel ou ferramentas mais sofisticadas, que permitem dar baixa nos produtos vendidos em tempo real e automatizar a gestão do estoque. Tudo depende do quanto você tem para investir.
Registro de vendas
O registro das vendas também é importante para uma revenda de gás. É preciso ter controle sobre os recibos e as notas fiscais emitidas. Algo que pode facilitar muito é o uso de um sistema de gestão integrada, capaz de automatizar esse processo para agilizar as operações e evitar erros.
É importante registrar cada venda com cuidado e assim que foi realizada. Dessa forma, você evita cometer equívocos que podem impactar o fluxo de caixa e, consequentemente, a saúde financeira do negócio.
Gestão de despesas e custos
Outro cuidado necessário em uma revenda de gás de cozinha é realizar uma gestão eficiente das despesas e custos. Entre as principais despesas operacionais desse tipo de negócio estão os salários dos empregados, a manutenção da infraestrutura, o transporte dos botijões, as faturas de água, energia e telefone, entre outras. Cada despesa precisa ser categorizada e devidamente registrada.
Também é importante fazer uma análise dos custos fixos e dos custos variáveis da empresa, de modo a buscar formas de economizar e otimizar o uso dos recursos disponíveis.
Leia também: 8 dicas para um revendedor de sucesso
Obrigações fiscais e tributárias
Qualquer empresa precisa de um planejamento tributário eficaz. Trata-se de um conjunto de ações que devem ser implementadas no negócio para reduzir a incidência de tributos a pagar, dentro da lei. Ele envolve a escolha do regime tributário mais adequado e uma série de estratégias para organizar e otimizar os gastos com tributação, uma vez que os impostos são a maior parte das despesas de uma revenda.
É preciso ficar atento com as questões tributárias desde a abertura do negócio. Os empreendedores também devem saber que as alíquotas de impostos variam de acordo com o regime tributário escolhido, o estado ou o município onde o estabelecimento fica localizado, o faturamento da empresa, entre outros fatores.
Uma revenda de gás de cozinha pode ser categorizada em três regimes de tributação: o Simples Nacional, o Lucro Real ou o Lucro Presumido. A escolha do modelo mais adequado deve levar em consideração o faturamento anual, as projeções financeiras e outros critérios, por isso, o ideal é contar com o serviço de um contador.
O Simples Nacional é o regime tributário mais simples, como o próprio nome sugere. A burocracia é menor, são menos impostos a pagar e as alíquotas são mais baixas. Por exemplo, a carga tributária de uma revenda enquadrada neste regime é de apenas 2,3% ao mês, com isenção dos impostos PIS e COFINS sobre a comercialização dos botijões de gás.
A DAS do revendedor inclui somente o ISS (Imposto Sobre o Serviço), que tem uma alíquota que varia conforme o município, a contribuição federal e o IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica). Não há incidência direta também de impostos estaduais, como o ICMS (Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços).
As revendas de gás contam ainda com alguns benefícios fiscais que devem ser considerados ao fazer o planejamento tributário, já que podem ajudar as empresas a economizarem no pagamento dos impostos.
Um exemplo disso é o chamado regime monofásico: as empresas que vendem gás de cozinha enviam à sua contabilidade tudo o que comercializam, considerando o faturamento sem realizar a dedução do que já foi pago na fonte.
Leia também: Revenda de gás dá lucro? Quanto ganha um revendedor Consigaz
Demonstrações contábeis
Outro ponto de atenção na contabilidade para revenda de gás diz respeito às demonstrações contábeis. Entre as principais estão o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício (DRE) e o fluxo de caixa.
O balanço patrimonial é o relatório que elenca todos os ativos e passivos de uma empresa e demonstra como está a sua situação financeira. Já a DRE indica o lucro ou prejuízo de uma empresa em um determinado período. O fluxo de caixa, por sua vez, é o movimento de entradas e saídas de recursos financeiros do caixa da empresa.
Essas demonstrações contábeis são fundamentais para a tomada de decisões estratégicas do negócio e para a análise de desempenho, por isso, devem ser realizadas por contadores experientes.